No manuscrito L'Ami des Arts, Hercule Florence escreve: “Seria necessário ter viajado como eu, por mais de três anos através dos vastos territórios do Brasil, para saber como é impressionante ouvir uma multidão de animais, com sons tão diferentes um do outro."
O contato com a natureza brasileira, em toda a sua exuberância visual e sonora, foi o que instigou Hercule Florence a desenvolver a zoofonia. Além de perceber que as vocalizações dos animais são específicas para cada espécie, para cada mensagem (acasalamento, defesa de território etc.) e para cada gênero (macho, fêmea), Florence desenvolveu um método para transcrever as “vozes dos animais” por meio dos signos tradicionais da música (em vez do sistema onomatopeico usado até então).
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O termo “zoofonia” não pegou, mas Hercule Florence foi o pioneiro do campo (sem quaisquer equipamentos que o ajudassem na captação e na análise dos sons) que viria a ser chamado posteriormente de Bioacústica, disciplina que se firmou a partir da década de 1960.
Com dificuldades em imprimir o tratado em que descrevia o processo da Zoofonia, Florence acabou por aprender sobre processos de gravação e impressão. A partir daí passou a se dedicar as técnicas gráficas e, em 1830, idealizou a Poligrafia e, mais tarde, em 1833, a mais importante de suas descobertas, a fotografia. Em 1831, a Tipografia de R. Ogier publicou Recherche sur la voix des animaux, ou essai d'un nouveau sujet d'études, offert aux amis de la nature, folheto de dezesseis páginas com detalhes sobre seu método de zoofonia.
BIBLIOGRAFIA INDICADA: