hercule florencesobre

Hercule Florence foi, certamente, um dos mais interessantes e notáveis estrangeiros que se estabeleceram no Brasil, no século XIX. Além de inventor, foi desenhista, pintor, tipógrafo e naturalista.

Filho do médico militar e artista francês Arnaud Florence e da monegasca Augustine Vignalis, vida e obra de Hercule vão muito além dos seus inventos - dentre eles a fotografia é apenas um.

Hercule nasceu em 28 de fevereiro de 1804 em Nice, à época ocupada pela República Francesa, tendo passado sua infância em Mônaco. Desde cedo demonstrava interesse por desenho, ciências e pelas aventuras de viajantes europeus no Novo Mundo.

Aos 19 anos embarcou em Toulon na fragata francesa Marie Thérèse em missão diplomática para a América espanhola. O franco-monegasco desembarcou no Rio de Janeiro em abril de 1824, dois anos depois da independência do Brasil.

Após ter trabalhado em uma loja de tecidos e na Tipografia Real dirigida pelo francês Pierre Plancher, Florence foi recrutado como desenhista segunda etapa da Expedição Langsdorff (1825-1829), organizada pelo Barão alemão de mesmo nome, Cônsul-Geral da Rússia no Brasil, médico e naturalista.

"A 3 de setembro de 1825, partimos do Rio de Janeiro. Um vento fresco ajudou-nos a vencer, em 24 horas, a travessia de 70 léguas, até Santos [...]." — FLORENCE, Hercule - 1 Pain de Sucre. 2. Corcovado. 3. Montagne de Gouveia. [Desenho do Carnet de dessins] - [1825] - Aguada sobre papel, 19,3 x 24,7 cm - Coleção Bibliothèque Nationale de France (Paris)

Em setembro de 1825 os viajantes seguem de barco para Santos e percorrem o interior do país até a Amazônia pelo interior do país. De 1826 a 1829 atravessam os atuais Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Amazonas e Pará. Durante esse período Florence realiza uma série de desenhos e aquarelas, nos quais retrata a fauna, a flora, a paisagem e a população dos locais visitados, que, com os trabalhos de Rugendas (1802 - 1858) e Taunay (1803 - 1828), forma a documentação pictórica dessa viagem.

As ilustrações de Florence, os documentos e as amostras coletadas pela expedição, que durou quase três anos (1826 - 1829), foram esquecidas por mais de um século na Academia Imperial da Rússia, em São Petersburgo e redescobertos somente em 1930.

A vida de Florence é a narração singela e comovente das peripécias, das descobertas, das viagens(...)

Em 1830, Hercule casou-se com Maria Angélica, filha de Francisco Álvares Machado e Vasconcellos, futuro governador do Rio Grande do Sul, e depois de uma breve passagem por São Paulo, mudou-se com ela para Campinas (então denominada Vila de São Carlos).

Lá se tornou agricultor de sucesso e dono da primeira gráfica da cidade. Maria Angélica morreu em 1850 e quatro anos depois, ele se casou com Carolina Krug, uma imigrante alemã nascida em 1828 em Kassel. Juntos, fundaram em 1863 uma escola para meninas, o Colégio Florence, que foi transferido para Jundiaí após o surto de febre amarela em Campinas no ano de 1889. Ele teve um total de 20 filhos, sendo 13 com Maria Angélica e 7 com Carolina.

Hercule Florence viveu no Brasil até sua morte em 1879. Segundo seu biógrafo Estevão Leão Bourroul (1859 – 1914), a vida de Florence é a narração singela e comovente das peripécias, das descobertas, das viagens, que constituem uma das páginas mais interessantes dos anais do século XIX brasileiro.

Minibiografia Minibiografia
leitura recomendada

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
ACEITAR
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
ACEITAR