Vangelista, Chiara
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Cartografia Migrante, de Chiara Vangelista, é uma dessas raras obras que nascem clássicas. A brilhante historiadora italiana, que já nos brindou com profícuos estudos sobre os nossos indígenas e sobre a imigração, dentre outras instigantes temáticas, agora nos presenteia com este belo livro dedicado a Hercule Florence, personagem que, dificilmente, um estudioso do Brasil Oitocentista desconheça. A narrativa da viagem científica que empreendeu entre 1825-1829 ao lado do barão de Langsdorff, os desenhos que produziu durante e depois desse périplo e o fato de ter sido o primeiro a inventar a fotografia fazem de Florence uma das figuras angulares da história brasileira e universal.
Mas o Hercule Florence que emerge das páginas de Cartografia Migrante é uma figura ainda mais complexa, poliédrica e plurinacional - monegasco, italiano e francês-, cuja significância marca de maneira indelével questões nodais em feitos ocorridos dos dois lados do Atlântico.
O propósito de Vangelista foi "indagar o espaço social de Hercule Florence", mas ela fez muito, muito mais. Adentrou nas suas qualidades de explorador, desenhista, pintor, memorialista, cartógrafo, professor, fazendeiro, chefe de família e inventor. Deixou emergir um homem pessimista, eivado de contradições, que se autoconstruiu como exilado e marginalizado social; alguém que viveu em constantes e ansiosas buscas por si mesmo e por ser reconhecido e respeitado pela sociedade do lugar onde vivia. Um personagem fascinante!
A autora utilizou sua vasta e erudita bagagem histórico-cultural e fez uso do rigor metodológico, da perspicácia e da fina sensibilidade que lhe são próprios para perseguir os passos de Florence desde a adolescência em Mônaco até os últimos dias em Campinas. E debruçou-se sobre papéis, imagens e mapas guardados em acervos brasileiros e italianos, consultou documentos inéditos e examinou a bibliografia de maneira crítica e contextual, frente às múltiplas tramas histórica, social e cultural que envolveram Florence. Sem lugar a dúvida, seu grande farol foram os papéis autógrafos de Hercule, cartas, memórias, projetos, que hoje se conservam no Instituto Hercule Florence (IHF), nos quais nosso personagem, além de tratar de vida e projetos incessantemente, queixa-se da existência, de angústias e de frustações.
É certo que muitos desses escritos haviam sido utilizados por outros pesquisadores. E eles foram essenciais à contundente biografia que Estevam Leão Bourroul dedicou a Florence em 1900. Mas Bourroul não conseguiu, ou não quis, se afastar do personagem, construindo um compêndio laudatório, que quase sempre encobre a figura do biografado.
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