O que o fotógrafo paraense Luiz Braga (Belém, 1956) e o artista-inventor Hercule Florence (1804-1879) têm em comum? Embora não tenham vivido na mesma época, ambos mergulharam em um Brasil profundo, traduzindo suas vivências na arte que produziram.
Hercule Florence registrou as paisagens e os povos do país no século XIX, percorrendo o Brasil de norte a sul como desenhista da Expedição Langsdorff, chegando até a região amazônica, bem antes de fazer seus primeiros experimentos com o processo fotográfico, no interior de São Paulo.
Luiz Braga tem se dedicado a fotografar a Amazônia, especialmente os territórios de Belém do Pará e da ilha do Marajó, criando um imaginário da vida urbana e periférica fora dos grandes centros. Seu trabalho, impregnado das ancestralidades quilombolas e ribeirinhas, revela uma identidade cultural do Norte do Brasil nas paisagens e em cenas do interior de casas e comércios.
A produção do fotógrafo pode ser apreciada na exposição Luiz Braga – Arquipélago imaginário, em cartaz no Instituto Moreira Salles até o início de setembro de 2025.
A mostra percorre os 50 anos de carreira de Luiz Braga através de 258 fotografias, sendo 190 inéditas. Da produção analógica, que marcou as suas primeiras décadas, até as obras mais recentes, a exposição faz uma leitura ensaística do arquivo do artista, sem caráter retrospectivo, e evidencia sua metodologia poética interessada nas histórias e nos saberes populares.
Dividida em vários núcleos temáticos, “O Marajó” é o único núcleo que reúne todas as imagens coloridas e condensa a síntese da exposição, por este ser o território de investigação do fotógrafo nos últimos anos, com ênfase na forma, na luz e na cor do arquipélago.
Assista ao vídeo com uma visita guiada por Luiz Braga à exposição: