Especialistas em conservação visitam o IHF e o IMS
Cientistas do Getty e da UFMG conhecem os acervos dos institutos.
O Instituto Moreira Salles (IMS) e o Instituto Hercule Florence (IHF) receberam, recentemente, dois dos mais importantes especialistas internacionais em conservação para conhecer de perto seus acervos.
Tom Learner, chefe do Departamento de Ciências do Getty Conservation Institute (GCI), de Los Angeles, EUA, autoridade mundial na área da Ciência da Conservação de Herança Cultural, e Luiz Antônio Cruz e Sousa, professor titular de Ciência do Patrimônio da Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foram acompanhados por Millard Schisler, gestor de acervo do IMS.
Learner, que desde 2014 lidera o Departamento de Ciências do Getty, é doutor em Química pelo Birkbeck College da Universidade de Londres e formado em conservação de pintura pelo Courtauld Institute of Art. Atuou ainda como cientista sênior de conservação na Tate, em Londres.
O professor Luiz Sousa coordena o Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor), do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor/UFMG), ligado ao curso de Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis da EBA-UFMG. Doutor em Química pela UFMG, realizou diversos trabalhos experimentais no exterior — inclusive em colaboração com o Getty.
No IHF, os cientistas foram recebidos por Nádia Barbon, Nicholas Betoni e Yara Mendes, responsáveis pelo Acervo, que os conduziram por uma visita especial. Eles tiveram acesso aos fac-símiles dos manuscritos de Hercule Florence — incluindo sua autobiografia L’Ami des Arts Livré à Lui-même —, além de valiosos documentos familiares e exemplares raros da biblioteca do IHF dedicados ao Brasil oitocentista. Ao final da visita, foram presenteados com os livros Viagem fluvial do Tietê à Amazônia e Cartografia migrante, publicados pelo IHF, e Hercule Florence: A descoberta isolada da fotografia no Brasil, de Boris Kossoy.
A visita reforça a continuidade das ações previstas no acordo de colaboração firmado entre o IHF e o IMS este ano, sobretudo na divulgação das pesquisas que comprovam o pioneirismo de Hercule Florence na invenção do processo fotográfico.
Em 2022, IHF e IMS uniram esforços ao Getty e ao Laboratório HERCULES da Universidade de Évora (Portugal) para realizar análises físico-químicas de três objetos fotográficos de Florence de 1833 – um diploma maçônico e rótulos de farmácia do acervo do IHF, além de rótulos de farmácia do IMS. Esses materiais estão entre os mais antigos exemplares fotográficos conhecidos, produzidos por meio de impressão química a partir da ação da luz.
O trabalho se desdobrou, em 2023, no Seminário Internacional 190 Anos dos Experimentos Fotográficos de Hercule Florence, realizado no IMS Paulista, que apresentou ao público os resultados das análises e discutiu diversos aspectos da produção criativa do inventor.
Em continuidade às pesquisas, novos experimentos vêm sendo conduzidos este ano nos laboratórios do Getty, utilizando objetos fotográficos preparados segundo as orientações registradas por Florence em seus diários e submetidos, agora, a uma câmara de envelhecimento acelerado.
Os resultados serão apresentados como trabalho acadêmico na 21ª. Conferência Trienal do International Council of Museums – Committee for Conservation (ICOM-CC), que ocorrerá de 14 a 26 de setembro de 2026, em Oslo, na Noruega, com as participações de Art Kaplan, cientista associado do Getty; Millard Schisler e Sergio Burgi (coordenador de fotografia), do IMS; Antonio Candeias, do Laboratório HERCULES; e Antonio Florence, do IHF.
O conjunto dessas pesquisas representa um avanço decisivo para o reconhecimento internacional da relevância de Hercule Florence na história da fotografia.
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